quarta-feira, 29 de junho de 2011

Teoria da dependência.

A teoria da dependência, desenvolvida por Fernando Henrique e Faletto atingiu o ápice de sua aceitação nos anos 70, e procurou descrever e entender as características de dependência que os países periféricos latino-americanos tinham com os países centrais. O autor descreve que a industrialização dos países periféricos estabelecia aços com países centrais, dependendo não só de importação-exportação, mas também de investimentos industriais.

Durante período nacional-popular a industrialização dos países periféricos parecia orientar-se para os produtores nacionais, assim consolidando o Estado como regulador. Mas devido à situação sócio-política de tais países, optou-se por um desenvolvimento engajado no financiamento externo. O índice de desenvolvimento depende quase que exclusivamente da política escolhida pelas empresas estrangeiras.

O autor ainda apresenta algumas características observadas nas economias industriais periféricas, como o elevado grau de diversificação, grande parte do excedente utilizado para reinvestimento, amadurecimento do setor terciário, renda equilibrada no setor urbano-industrial, mercado interno capaz de absorver a produção.

A situação que liga o subdesenvolvimento ao mercado internacional já não aparecem como direta e fracamente políticos. O setor industrial continua dependendo da “capacidade de importação” de bens de capital, conduzindo também a dependência financeira, mesmo que em seguida se forme o setor interno de bens de capital, a dependência de importação diminui e não desaparecem.

Com a “internacionalização do mercado interno”, organizando de forma mais dinâmica a produção industrial, se conduz uma reorganização administrativa, tecnológica e financeira. Porém, o desenvolvimento não vem através da nova tecnologia ou do financiamento de capital externo, mas sim dos esquemas políticos.

Através dos capitais, da técnica e da organização transferidos do exterior inaugura-se um novo eixo de ordenamento da economia nacional, implicando em um novo tipo de dependência. A disponibilidade dessas pré-condições por parte das nações centrais leva a um estreitamento dos laços de dependência.

O Estado nacional dirigiu, dentro de suas fronteiras, políticas como resposta as pressões externas, conseguindo resguardar parte da autonomia nacional. Porém no âmbito do desenvolvimento, a unificação dos sistemas produtivos leva à padronização dos mercados e a seu ordenamento supranacional.

O esquema político dessa forma de desenvolvimento requer que se consiga estruturar um adequado sistema de relações entre os grupos sociais que controlam tais setores econômicos, para garantir o funcionamento de um mercado cujo dinamismo baseia-se, principalmente no incremento das relações entre produtores mais significativos, no entanto é necessário conter as demandas reivindicatórias das massas.

No desenvolvimento industrial periférico as medidas protecionistas são inviáveis, já que o funcionamento da economia depende do funcionamento estrangeiro, requerendo outra estratégia para o desenvolvimento. Tal desenvolvimento instaura-se intensificando a exclusão social, não só da massa, mas também das camadas sociais responsáveis pelas etapas anteriores, que funcionam como subsidio para o setor monopolista.

O setor público da economia em uma fase anterior conseguiu de, alguma forma manter um controle sobre o setor monopolista, porém não adotou uma política tipo populista, que estimula a distribuição da renda e sim desempenharam papel de empresário-público. OS grupos dominantes buscam a reorganização do próprio regime político para permitir que a centralização autoritária, que facilita a implantação do modo capitalista de produção nas economias dependentes, possa consolidar seu domínio.

Teoricamente, nos países onde o setor produtivo moderno foi orientado sob as novas condições de desenvolvimento e dependência, suas reorganizações de decisões políticas e econômicas pareciam ser consistentes. Apesar disso, na prática não se expressam todas as conseqüências que se espera em tal processo, pois as transformações se chocam com os interesses concretos.

A passagem do regime democrático ao autoritário faz-se por intermédio de revoluções nas quais, são as grandes organizações nacionais que atuam e se reorganizam. Na situação latino-americana, a expressão política da burguesia urbano-industrial esteve mais diretamente vinculada ao estado através de grupos de pressão ou da ocupação de cargos no aparato estatal.

A crise do populismo, a mobilização política das burguesias contra os ideais comunistas, contra a pressão das massas sobre o Estado, a forma adotada para a revogação do poder democrático foi a do “golpe militar”, Aniquilam-se os setores políticos tradicionais e procura-se transformar a influencia militar permanente em condição necessária para o desenvolvimento.

Os países dependentes passam a sofrer dois tipos de pressão: uma a favor do desenvolvimento racional e moderno, e outra que insiste no caráter nacional excludente do desenvolvimento do capitalista em países dependentes. Este último encontra apoio inclusive em frações das forças armadas.

O autor termina sua obra descrevendo os êxitos da pressão política dos assalariados, dependerão mais do aperfeiçoamento de suas organizações sindicais e da diferenciação das classes médias na produção capitalista-industrial. Tais transformações poderão permitir que os setores assalariados voltem a influenciar nas decisões políticas.

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