quarta-feira, 29 de junho de 2011

O longo século XX.

Após a revolução industrial experimentada na Grã-Bretanha, este país se tornou o líder econômico e político mundial, sendo o pioneiro em modernização e uma espécie de modelo para outros países que visavam atingir tal grau de industrialização. Durante o século XIX e início do século XX ocorreram uma série de transformações que traziam uma nova perspectiva da ordem mundial, com o aparecimento de uma nação muito forte, que eram os Estados Unidos. O autor Giovanni Arrighi, traz em seu livro “O longo século XX- Dinheiro, poder e as origens de nosso tempo” como se deu essa troca de nação hegemônica, e trazendo ainda uma mudança de pensamento no quesito temporal, que é a lentidão desse acontecimento, diferente do que é apresentado por muitos pesquisadores sociais.

A Grã-Bretanha como nação hegemônica no cenário mundial, era a principal nação que cedia crédito para países que buscavam um desenvolvimento. E foi assim, que os Estados Unidos conseguiram crédito para sua modernização, chegando a dever quase Seis bilhões de libras esterlinas para a Inglaterra. Os Estados Unidos foram o país que captou a maior parte dos investimentos ingleses, estima-se que com a renda concedida pelos Estados Unidos (pagamento da dividida somado os juros) houve um aumento de quase 300% nas reservas de ouro do Banco da Inglaterra.

Com o início da guerra a Inglaterra acreditava ter saldo suficiente para custear cinco anos de guerra, entretanto isso não passava de um engano, pois durante o conflito bélico a Inglaterra necessitou importar muitas mercadorias e até mesmo armas de guerra. Os Estados Unidos durante tal período, além de exportar bastante mercadoria para a Inglaterra, a substitui como principal investidora financeira, atingindo o mercado latino e em partes da Ásia.

Após o termino da primeira grande guerra, Inglaterra e Estados Unidos agiam de forma conjunta, pensamento que gera muita controvérsia entre intelectuais modernos. Pois, mesmo que os Estados Unidos assumissem a responsabilidade de estabilizar a ordem mundial, estes não eram capazes administrar sem a ajuda de Londres o sistema monetário mundial. Portanto, Nova York continuava inteiramente subordinada a Londres, mesmo que seu poder e influência tenham atingido um crescimento considerável dentro das redes de altas financiadas sediadas em Londres.

Com o aparecimento da nova tendência de capital especulativo, os Estados Unidos que até então, era o principal financiador de nações estrangeiras, decidiu focar-se em seu mercado especulativo, por acreditarem ser mais seguro. Porém tal ação exercia uma pressão perigosa sobre as reservas de ouro e divisas estrangeiras. Esta especificidade juntamente com a quebra de Wall Street somou para a crise de 29, levando a destruição final da principal instituição da Inglaterra, a City Londrina.

A segunda guerra mundial colocou de fato os Estados Unidos como principal potência econômica, mas ainda faltavam algumas melhoras para o estabelecimento de uma nova ordem mundial. Com o desaparecimento da houte finance e o padrão-ouro, era necessária a construção de uma nova rede de instituições que regulasse o sistema monetário internacional. Da conferência de Bretton Woods surgiu o banco mundial e o FMI, com o dólar sendo a moeda mais forte. Mas ainda era necessária uma revolução ideológica, que rompesse com a idéia anterior de capitalismo, para isso o plano New Deal de Roosevelt foi suficiente, se utilizando de um pensamento bastante nacionalista.

O que se pode ver em tal livro de Arrighi, é que o autor apresenta como de extrema importância para a força exercida pelos Estados Unidos é a diferença quanto o sistema de acumulação. Enquanto a Inglaterra era a base do processo de formação do mercado mundial e que seus principais ramos de atividade tinha um laço de complementaridade com colônias, os Estados Unidos “internacionalizava” este mercado mundial, em que suas corporações gigantescas eram integradas numa racionalidade econômica. Mostrando ser muito mais muito completo e complexo que o apresentado na Grã-Bretanha. Este fator somado a todos outros apresentados anteriormente contribuíram para a aceitação de um posto hegemônico presente nos Estados Unidos, que pode ser visto até os dias de hoje, com menos intensidade, porém não inexistente.

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